Ministro do STJ faz comentário polêmico e gera revolta
O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, provocou uma forte reação ao fazer uma piada sobre baianos. Durante uma sessão da Quarta Turma, ele associou os baianos à lentidão, reforçando um estereótipo preconceituoso. Como era de se esperar, a declaração viralizou rapidamente e gerou indignação.
A situação ocorreu quando o ministro Raul Araújo mencionou uma lesão no menisco causada por uma partida de basquete. Em resposta, Noronha fez um comentário considerado ofensivo:
“Você já sabe, né? Baiano que joga basquete. Dizem que o baiano é tão ágil, tão ágil, que quando joga basquete, ele arremessa a bola na sexta e ela só cai no sábado.”
Diante da reação dos colegas, ele tentou minimizar a fala:
“Os baianos que me perdoem. Tenho uma simpatia enorme pela Bahia. Não me expulsem de lá, porque eu adoro acarajé.”
Entretanto, a justificativa do Ministro do STJ não foi suficiente para conter as críticas. Afinal, declarações como essa contribuem para a perpetuação de preconceitos contra nordestinos.
Jerônimo Rodrigues condena a fala do ministro do STJ: “Respeite a Bahia!”
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, não demorou a se manifestar. Logo após a repercussão, ele condenou a declaração do ministro e classificou a fala como xenofóbica. Para ele, comentários desse tipo reforçam estereótipos prejudiciais.
“É estarrecedor ouvir, em pleno 2025, uma autoridade reproduzir um estereótipo preconceituoso contra o povo baiano.”
Além disso, Rodrigues destacou a importância da Bahia para o Brasil. Ele enfatizou que a população baiana trabalha duro e contribui significativamente para o crescimento do país.
“A Bahia tem uma contribuição fundamental para o Brasil, seja na cultura, na economia ou no esporte, como evidenciado pela recente classificação do Bahia para a Libertadores 2025.”
“A fala descabida de um dos ministros de uma instituição respeitável como o STJ não pode ser considerada apenas uma piada de mau gosto; é xenofobia pura.”
Por fim, o governador fez um apelo direto:
“Respeite a Bahia! Nosso povo é inteligente e trabalhador.”
Com isso, a declaração do governador ganhou força e recebeu apoio de diversas lideranças políticas e ativistas.
O episódio envolvendo o ministro do STJ reacendeu debates sobre preconceitos regionais e institucionais.
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Casos de xenofobia continuam sendo registrados no Brasil
Infelizmente, esse episódio não é isolado. A xenofobia contra nordestinos persiste em diversas esferas da sociedade, inclusive no meio político e jurídico.
Para ilustrar a gravidade do problema, basta lembrar o caso do Vereador Sandro Fantinel, no Rio Grande do Sul. Em 2023, ele sugeriu que produtores rurais evitassem contratar trabalhadores baianos, afirmando que argentinos seriam mais “limpos e trabalhadores”. Diante da repercussão, Fantinel acabou expulso do partido.
Além disso, os dados mostram um cenário alarmante. De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos, as denúncias de xenofobia cresceram 874% entre 2021 e 2022, superando registros de racismo e intolerância religiosa.
Atualmente, a legislação brasileira prevê punições para esse tipo de crime. Conforme o artigo 140 do Código Penal, a pena pode variar de um a cinco anos de reclusão, dependendo da gravidade da infração. Além disso, quando praticado na internet, o crime recebe uma punição ainda mais severa.
Portanto, é fundamental que haja um compromisso real no combate à xenofobia.
STJ ainda não se pronunciou sobre o caso
Mesmo com toda a repercussão negativa, o Superior Tribunal de Justiça ainda não divulgou um posicionamento oficial sobre as declarações do ministro João Otávio de Noronha.
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Com isso, cresce a pressão para que o tribunal se manifeste. Afinal, a sociedade espera um compromisso das instituições na luta contra a xenofobia.
Além disso, diversas entidades de direitos humanos, políticos e movimentos sociais exigem uma retratação pública do magistrado. Parlamentares também cogitam acionar o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que o caso seja investigado.
Até agora, João Otávio de Noronha permanece em silêncio. No entanto, a cobrança por um posicionamento cresce a cada dia.
Conclusão
O comentário do ministro João Otávio de Noronha evidencia um problema estrutural do Brasil: a xenofobia institucional. Além disso, episódios como esse mostram que o preconceito contra nordestinos ainda se mantém presente em diferentes esferas do poder.
A resposta firme do governador Jerônimo Rodrigues demonstra que a sociedade não aceita mais esse tipo de comportamento. Sua fala teve grande repercussão e serviu para reforçar a necessidade de combater a xenofobia em todas as suas formas.
Diante disso, fica a pergunta: o STJ tomará providências ou esse será mais um caso de xenofobia institucional sem consequências?