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Por que o crédito é tão caro no Brasil? Veja os motivos e impactos

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O crédito caro no Brasil pesa no bolso do consumidor e limita sonhos.

O crédito caro no Brasil é uma realidade que afeta milhões de consumidores e impede o avanço econômico do país. Hoje, o Brasil ostenta um dos maiores custos de crédito do planeta. Em abril de 2024, por exemplo, a taxa média do rotativo do cartão de crédito ultrapassou 400% ao ano. Isso significa que quem usa esse recurso corre sério risco de entrar em uma espiral de dívidas quase impossível de sair.

Mas afinal, por que o crédito é tão caro no Brasil? A resposta envolve uma combinação de fatores que vão desde a política monetária até questões estruturais do sistema bancário. A seguir, explicamos cada um deles de forma clara e acessível.


Selic alta é o ponto de partida

A taxa Selic, definida pelo Banco Central, é o principal termômetro para os juros no país. Sempre que o governo decide elevá-la — geralmente para controlar a inflação — os bancos repassam esse custo diretamente aos clientes. Como consequência, financiamentos, empréstimos e o próprio rotativo do cartão ficam mais caros.

Embora a Selic esteja em queda gradual desde o final de 2023, o patamar ainda é alto o suficiente para manter o crédito caro no Brasil, dificultando o acesso a linhas mais baratas.

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Spread bancário: um dos maiores do mundo

Outro motivo essencial para o crédito caro no Brasil é o spread bancário. Trata-se da diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram ao emprestar. No Brasil, essa diferença é uma das mais altas do planeta.

Isso acontece por várias razões:

  • Alta taxa de inadimplência
  • Carga tributária pesada
  • Baixa concorrência no setor
  • Custos operacionais elevados

Além disso, os bancos mantêm margens amplas para se proteger de riscos e assegurar seus lucros. O resultado é que o consumidor acaba arcando com taxas muito superiores às praticadas em outros países.


Inadimplência eleva o risco e o custo do crédito

O Brasil tem uma das maiores taxas de inadimplência da América Latina. Ou seja, muitos tomadores deixam de pagar o que devem. Para os bancos, isso significa risco elevado. Por isso, eles aumentam os juros para compensar eventuais calotes.

A lentidão da Justiça também agrava o problema. Processos de cobrança podem levar anos, aumentando o chamado risco jurídico. “A morosidade da Justiça eleva o custo da inadimplência, e isso acaba embutido nos juros pagos pelo tomador”, explica Fernanda Castro, especialista em direito bancário.

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Falta de concorrência concentra o poder

Cinco grandes bancos controlam mais de 80% do mercado de crédito no Brasil. Essa concentração reduz a competição e permite que as instituições mantenham juros altos sem medo de perder clientes. Embora fintechs e bancos digitais venham crescendo, eles ainda não têm força suficiente para alterar esse quadro.


Ausência de garantias e pouca educação financeira

Grande parte do crédito no Brasil é concedida sem garantias reais, como acontece no cartão de crédito. Isso aumenta o risco e, portanto, o custo das operações. Além disso, a falta de educação financeira faz com que muitos consumidores não entendam o impacto dos juros compostos, não pesquisem taxas e acabem contratando produtos caros demais para seu orçamento.


Impostos agravam o problema do crédito caro no Brasil

A carga tributária é outro fator determinante. O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) incide sobre quase todas as modalidades de crédito, encarecendo ainda mais o dinheiro. Mesmo que os bancos reduzam custos internos, os impostos permanecem como barreira para oferecer taxas mais baixas.


O que fazer para reduzir o crédito caro no Brasil?

Resolver o problema do crédito caro no Brasil exige ações coordenadas em várias frentes. Entre as soluções estão:

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  • Estimular a concorrência no setor bancário
  • Tornar o sistema judiciário mais ágil para cobranças
  • Incentivar crédito com garantias reais
  • Investir em educação financeira nas escolas e comunidades
  • Reduzir a carga tributária sobre operações financeiras

Programas como o Desenrola Brasil ajudam na renegociação de dívidas e aliviam o problema no curto prazo. No entanto, sem reformas estruturais, o crédito continuará restrito e muito caro para a maioria dos brasileiros.

Infográfico mostra os fatores que tornam o crédito caro no Brasil
Infográfico resume os principais fatores que explicam por que o crédito é tão caro no Brasil, incluindo Selic alta, spread bancário e inadimplência

Veja também

FAQ: crédito caro no Brasil

1. O que torna o crédito tão caro no Brasil?
A Selic alta, o spread bancário elevado, a inadimplência e a baixa concorrência bancária.

2. O que é o spread bancário?
É a diferença entre o custo do dinheiro para os bancos e o quanto eles cobram para emprestar.

3. Como a inadimplência influencia os juros?
Ela aumenta o risco das operações, levando os bancos a cobrarem taxas maiores para se proteger.

4. As fintechs ajudam a baixar o custo do crédito?
Sim, mas ainda têm alcance limitado frente aos grandes bancos.

5. Qual o papel da educação financeira nesse cenário?
Ela ajuda o consumidor a evitar dívidas caras e a pressionar por melhores condições de crédito.

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🔗 Leitura complementar recomendada:
Contudo para uma análise aprofundada sobre os motivos que tornam o crédito mais caro e restrito no Brasil, confira o artigo da B3: Por que o acesso ao crédito está mais caro e difícil no Brasil? Entenda.

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